3 poemas de Kajal Ahmad

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Mirror

The vague mirror of my time
broke because
it made what was small big
and what was big small.
Dictators and monsters filled its face.
Even now as I breathe
its shards pierce the walls of my heart
and instead of sweat
I leak glass.

(Fonte)

Espelho, de Kajal Ahmad

O vago espelho de meu tempo
quebrou porque
fez o que era pequeno
grande e o que era grande pequeno.
Ditadores e monstros preencheram sua face.
Até agora enquanto respiro
seus cacos perfuram as paredes de meu coração
e ao invés de suor
Eu vazo vidro.

*

Buttons

Among innocent kisses
the first button of my pink shirt
fell off.
Later, sewing,
her glasses like lasers fastened over her eyes,
the needle in her hands, like her fingers,
threatening, she spat out,
“Don’t you put this in a poem!”

(Fonte)

Botões

Entre beijos inocentes
o primeiro botão da minha camisa rosa
despencou.
Depois, costurados,
os óculos dela como lasers velozes sobre seus olhos,
a agulha em suas mãos, como dedos seus,
ameaçando, ela cuspiu,
“Não coloque isto em um poema!”.

*

Birds

According to the latest classification, Kurds
now belong to a species of bird
which is why, across the torn, yellowing pages
of history, they are nomads spotted by their caravans.
Yes, Kurds are birds! And even when
there’s nowhere left, no refuge for their pain,
they turn to the illusion of travelling
between the warm and the cold climes
of their homeland. So naturally,
I don’t think it strange that Kurds can fly.
They go from country to country
and still never realise their dreams of settling,
of forming a colony. They build no nests
and not even on their final landing
do they visit Mewlana to enquire of his health,
or bow down to the dust in the gentle wind, like Nali.

Pássaros

De acordo com últimas classificações, Curdos
agora pertencem a uma espécie de pássaro
por isso, pelo rasgo, páginas da história
amarelam, eles são nômades vistos por suas caravanas.
Sim, curdos são pássaros! E até mesmo quando
não há nenhum lugar sobrando, nenhum refúgio para dor,
se dedicam a ilusão de viajar
entre os climas quentes e frios
de sua terra natal. Assim, naturalmente,
Não acho ser estranho os Curdos poderem voar.
Eles vão de paías a país
e ainda continuam a realizar seus sonhos de se estabelecer,
de formar colônias. Eles constroem ninhos
e nem mesmo em sua chegada final
eles visitam Mewlana para intimá-lo de sua saúde,
ou curvam-se ao pó no vento gentil, como Nali.

(Fonte)

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Kajal Ahmad nasceu em 1967, em Kirkurk no Iraque, e é uma poeta curda contemporânea e jornalista. Começou a publicar com 21 anos e foi traduzida em diversos idiomas e atualmente vive em Sulaimaniya, Iraque. É considerada uma importante voz da fala e poesia curda. Aqui podemos citar outros nomes que estão ampliando, atualmente, esta literatura tal como Sherko Bekas, Najiba Ahmad e Cihan Hesen. Ahmad é conhecida também pela sua franqueza, seu olhar em prol das mulheres e por conter uma desenvoltura particular de envolver o pessoal e o político.

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